Entre o Feedback

O Som da Voz

Título da Crónica

Quando ouço uma canção, não separo a voz do resto. Não a isolo.
A voz é mais um instrumento no arranjo.
E, se está no sítio certo, se soa bem dentro daquela música,
então está perfeita. Não preciso de mais.
É por isso que me tocam tanto artistas como o Rui Veloso, o Miguel Araújo, o Pedro Abrunhosa, o Sérgio Godinho, o Jorge Palma e tantos outros.
E, antes deles, lá fora, Dylan, McCartney, Cohen, Neil Young, Donald Fagen, Mark Knopfler…
Nenhum deles precisa de exibir virtuosismo vocal.
O poder está noutro lugar:
Na escrita, na composição, na entrega, na forma como tudo encaixa...
Não consigo, nem quero, imaginar uma canção de qualquer dos artistas referidos cantada por um cantor “perfeito” tecnicamente.
Isso mataria a canção. Destruiria a identidade. Se uma música me soa completa, intrinsecamente resolvida, então está certa.
E não preciso de justificar intelectualmente
aquilo que o meu coração já percebeu. Às vezes dou por mim a sorrir, meio cansado, quando sou abordado por pessoas que me procuram para comentar ou criticar este ou aquele cantor…
Talvez pensem que, por tocar guitarra, ou por julgarem que tenho algum virtuosismo (o que não é o caso, apenas algum jeito),
vou alinhar nesse olhar técnico, quase competitivo, da música.
Mas não alinho.
João Nuno Guitar Talks
onde a música se escuta com tempo,
sem filtros e com respeito por quem a faz.

Facebook Instagram YouTube
← Voltar à lista de crónicas