Entre Cordas e Luzes
Este ano, ao fazer 60 anos, recebi uma prenda muito especial.
Veio de um amigo igualmente especial, cujo nome não vou referir — porque o gesto, por si só, disse tudo.
Essa guitarra, uma Duesenberg Mike Campbell (Tom Petty) 40th Anniversary, chegou num momento em que várias ideias já se andavam a formar na minha cabeça.
Eu já tinha feito o logótipo do canal. Já tinha gravado os primeiros Solos Icónicos.
E, nesse mesmo dia, falámos longamente sobre tudo isso.
O que me passou pela cabeça foi simples:
e se, em vez de fazer uma festa convencional, alocasse esses custos à criação de algo duradouro?
Algo alinhado com as minhas paixões, com aquilo que sou — e que posso partilhar com os outros?
Foi esse o verdadeiro clique para avançar com o projecto João Nuno Guitar Talks.
Uma forma diferente de celebrar: mais abrangente, mais íntima, mais minha.
Um projecto com significado, feito à medida do que sou.
E aquela guitarra teve também um papel muito concreto.
Cada instrumento tem o seu carácter — timbres, respostas, pequenas manias sonoras que nos levam as mãos a tocar de forma diferente.
No fundo, cada guitarra é uma ferramenta.
E, como um pintor que escolhe as cores com que vai trabalhar, o guitarrista escolhe os sons que quer explorar.
Quanto mais paleta tiver, mais mundos pode criar.
Esta guitarra, em particular, trouxe-me novas cores.
É muito diferente das que já tinha — e isso é uma mais-valia real:
para compor, gravar, improvisar…
E, sobretudo, para os solos icónicos e riffs que irei recriar no canal,
muitos dos quais pedem timbres específicos, para que a interpretação se mantenha fiel ao espírito original.
Além disso, aproxima-se de influências e autores que me marcaram — e que quero também homenagear.
Por isso, esta prenda foi mais do que um gesto simbólico.
Foi uma peça essencial que se juntou ao puzzle — e que tornou tudo mais claro, mais possível.
Por agora, o palco é aqui — e está montado.